Turma dos “MAU-MAU” – AMIAL, década de 1980
[Fernando Seiça, João Rasteiro, Paulo "Rainho" e Paulo Rogério]
[Paulo "Rainho", Rasteiro e Zé Fernando na Fonte do Caganeto]
AMIAL
Onde me senti nascer
regresso agora
para morrer ou adormecer
o meu nome noutro nome
tão sozinho
à beira do novo ciclo
o dos animais nos amieiros
que tudo apagam à minha volta
todas as minhas inocentes vísceras
o instante entre terra e pele,
onde me senti nascer
regresso agora
para morrer ou plantar
rosáceas de pedra no nevoeiro
o mergulho numa fenda pura
que prende e desprende a alegria
a insondável ilusão das aldeias
um quase nada
o fresco do rio e das fontes
o meu sangue pela tua memória,
onde me senti nascer
regresso agora
no sagrado das palavras
o meu corpo no chão do teu corpo
no início que não espera
o justo arrepio das vozes
o transparente sopro do instante,
onde me senti nascer
regresso agora
como os reis com sede de sombra
no caminho único da tua minha eternidade.
[João Rasteiro 2007]
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